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Caixa registra lucro expressivo no 1º trimestre e alguns sinais merecem atenção

A Caixa anunciou ontem (5/6) um lucro líquido recorrente de R$ 4,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025 — um crescimento de 71,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado reforça o papel do banco como um dos principais agentes financeiros do país e evidencia a força de sua atuação, especialmente em segmentos estratégicos como habitação, programas sociais e crédito para famílias e empresas.

É importante reconhecer que esse desempenho é fruto, antes de tudo, do empenho diário de milhares de empregados e empregadas da Caixa, que seguem sustentando a operação do banco com dedicação e compromisso, mesmo diante de condições desafiadoras. Em um cenário de escassez de pessoal, fechamento de agências, limitações tecnológicas e aumento nos casos de adoecimento no ambiente de trabalho, o resultado alcançado reflete o esforço coletivo da base.

Alguns aspectos do balanço merecem observação. Um dos pontos que mais chamam a atenção é a forte redução nas provisões para créditos de liquidação duvidosa — que caíram 55,2% em relação ao primeiro trimestre de 2024 — mesmo com o aumento da inadimplência, que passou de 2,34% para 2,49%. Esse “movimento contábil” influenciou significativamente o lucro do período e, por isso, deve ser acompanhado com atenção nos próximos trimestres.

Outro ponto importante foi a venda de ativos, como a participação na Caixa Seguridade, que gerou mais de R$ 800 milhões e teve peso relevante no resultado final. Embora operações dessa natureza possam reforçar o caixa no curto prazo, também suscitam reflexões sobre a sustentabilidade do desempenho financeiro ao longo do tempo.

A arrecadação das Loterias CAIXA teve uma queda de 10,1% em relação ao mesmo período de 2024, o que reforça preocupações já apontadas pelo Comitê Popular de Luta em Defesa da Caixa. A reestruturação da área com a migração das operações para subsidiária CAIXA Loterias, mais de um ano depois, ainda não demonstrou os efeitos positivos esperados. Pelo contrário, os números indicam um recuo no desempenho e sugerem a necessidade de reavaliar a estratégia adotada.

Outro elemento que chamou a atenção foi a ausência de menções ao projeto TEIA, destaque do release do ano passado. O projeto, que mobilizou recursos e foi anunciado como um grande avanço tecnológico, não teve qualquer citação no balanço deste ano, o que levanta dúvidas sobre sua continuidade ou impacto real nas operações do banco.

O Comitê reforça seu reconhecimento ao trabalho de toda a categoria bancária da Caixa pelo resultado alcançado. Ao mesmo tempo, defende a importância de manter a vigilância sobre os rumos estratégicos do banco, para que sua solidez não se limite aos números de curto prazo, mas esteja sustentada por investimentos, transparência e valorização dos seus trabalhadores e trabalhadoras.