Ao manter o teto de 6,5% no estatuto e outros regramentos no custeio do Saúde Caixa, a direção da Caixa não apenas frustrou uma expectativa legítima dos empregados da ativa e aposentados — que esperavam a retirada do limite com base em sinalizações da própria gestão — como também escancarou uma contradição visível: ao mesmo tempo em que afirma que não há espaço orçamentário para melhorar o plano de saúde, a empresa aumenta o número de cargos nas diretorias.
E o efeito dominó dessa ampliação da estrutura já está claro: mais cargos nas diretorias significam, inevitavelmente, a expansão de funções nas superintendências, gerências nacionais e áreas-meio, o que representa aumento real de custo. E ainda tem a criação da tal Fundação Caixa, para a qual não sabemos a finalidade, mas, com certeza, essa nova estrutura, se aprovada pelo Congresso, trará mais gastos para o banco.
E quem vai pagar o pato? Ou melhor, de onde sairá o dinheiro para bancar tudo isso?
Enquanto crescem os afastamentos por adoecimento mental — 74% dos casos de acidente de trabalho na Caixa são por transtornos psíquicos, segundo o Dieese — o banco segue deixando os trabalhadores à própria sorte, com um plano de saúde que perde, dia após dia, sua solidez e sofre com a piora na gestão: sem ações efetivas de prevenção e sem compromisso com a saúde na aposentadoria.
A história da Caixa mostra que nenhuma conquista veio sem luta, e é essa mesma força coletiva que pode reverter o descaso, pressionar por mudanças e reconquistar direitos. Porque quem constrói a Caixa, todos os dias, são seus empregados — e é com eles que deve estar o futuro do banco.