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Diminuição do atendimento aos clientes – Sem entregar avanços consistentes na área digital, Caixa anuncia fechamento de agências

Aposentados e pensionistas, beneficiários de programas sociais, clientes que abriram contas recentemente, esse é o público que mais sentirá falta das 128 agências que a Caixa pretende fechar este ano. Grupos socialmente vulneráveis, com pouco letramento digital e que terão que percorrer distâncias maiores para conseguir o atendimento presencial necessário às suas particularidades. 

O anúncio foi feito pelo banco durante a primeira mesa de negociação entre a Fenaban e o Comando Nacional dos Bancários no âmbito da Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2024, e suscitou uma série de preocupações do Comando Nacional. Composto por diversas entidades representativas de bancários de todo o país, o Comando – como é chamado –  focou em garantir que empregadas e empregados não sofressem prejuízos com o fechamento das agências. 

Empregados remanejados, clientes abandonados

Os representantes dos empregados conseguiram garantias da Caixa em relação ao tema: a manutenção da função e da remuneração; aos que serão transferidos, a Caixa garantiu uma posição em agências próximas às que forem fechadas e o remanejamento para empregados que desempenham as funções de caixa, tesoureiro, avaliador de penhor e gerente PJ para agências próximas às fechadas.  

Contudo, para a população acostumada às agências a mudança para as agências digitais promete causar problemas imensos. Sem conhecimento para a utilização de sites e aplicativos, diversos grupos que antes iam às agências físicas ficarão reféns do atendimento ao cliente pelo telefone, e serão presas fáceis para golpistas digitais. 

A progressiva transferência dos atendimentos em agências físicas para a internet não funciona na Caixa como em outros bancos. Pelo seu perfil de clientes, a Caixa precisa manter postos de atendimento físicos, como mostram as imensas filas no início dos pagamentos do Programa Pé-de-Meia, e as mais recentes filas para o recebimento de benefícios para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Postos de atendimento que já contavam com menos funcionários do que o necessário para um atendimento digno à população e para evitar a sobrecarga dos empregados que se desdobram em muitos para dar conta da demanda.

Área de TI muito aquém do que a Caixa precisa e do que a população merece

 A sensação de falta de planejamento da atual presidência persiste. Ao buscar transferir clientes de 128 agências físicas para agências digitais esperava-se um incremento na estrutura de TI do banco. 

Porém, a TI da Caixa parece mais sem rumo do que nunca: problemas que afetaram os clientes durante a declaração de imposto de renda, aplicativos muitas vezes instável e as desastrosas declarações de um consultor durante o evento da Febraban Tech.

Uma somatória de problemas que se não resolvidos poderão desestruturar ainda mais uma área que precisa de investimento de recursos, humanos e financeiros. A escolha de um consultor para falar no principal evento de tecnologia bancária do ano mostra a desvalorização da “prata da casa”, funcionários com anos de Caixa, altíssimo nível técnico e um comprometimento que gera frutos de tão boa qualidade quanto o desenvolvimento de um aplicativo para o pagamento do Auxílio Emergencial em pouquíssimo tempo.

Essa desorganização têm um custo alto para a Caixa, para os empregados e para a sociedade. Frente ao descaso, não é de se estranhar que muitos apostem que esse nível de sucateamento antecede uma tentativa de privatização da área. Afinal, desde o final de 2023, quando assumiu a presidência do banco, Carlos Vieira assumiu que a aproximação com as fintechs seria um dos pilares de sua gestão

Está faltando à Caixa uma gestão que se preocupe mais com a própria Caixa, e com todo o seu ecossistema, do que com prestar contas a um grupo político que sequer tem dado sustentação ao controlador da Caixa, o governo federal.