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Pedro Guimarães

700 dias do escândalo de assédio sexual e moral na Caixa: Justiça silencia e Pedro Guimarães segue impune

“Desculpe, mas não vou me envolver mais nisso não. Me expus à toa”, foi assim que uma das vítimas de Pedro Guimarães reagiu a um pedido de entrevista do Comitê Popular em Defesa da Caixa sobre os dois anos após as denúncias do escândalo de assédio sexual e moral contra o ex-presidente e que mancharam a reputação do banco. 

Tal frustração é compartilhada por outras vítimas de assédio moral e sexual que se juntaram para denunciar à imprensa e à justiça os desmandos do então presidente. O escândalo na Caixa ficou conhecido nacionalmente pela coluna de Rodrigo Rangel no Metrópoles e causou indignação não só aos colegas e bancários, mas a toda a sociedade. A visão de um presidente de banco público agindo de forma escabrosa  tomou os noticiários e enojou a sociedade. Contudo, a falta de resultados concretos após dois anos da denúncia desanimou as vítimas e gerou uma sensação de impunidade para todos que acompanham o caso.

As medidas tomadas após a queda de Pedro Guimarães

Alguns marcos ocorreram após o escândalo de assédio e o posterior pedido de demissão de Pedro Guimarães. Ele se tornou réu e passou a responder criminalmente pelas denúncias de assédio. O processo tramita em sigilo na Justiça Federal, portanto não é possível conhecer seu andamento. 

Outra ação também foi movida, mas pela própria Caixa. Ao final de 2023, o banco público pediu na justiça que o ex-presidente condenado por obrigar um funcionário a comer pimenta devolvesse do próprio bolso os valores pagos pela Caixa ao trabalhador a título de indenização. Mas não é só, o banco pediu ainda a devolução de seis iPhones (ou o pagamento do valor deles) e o ressarcimento de R$10 milhões pagos pela instituição a título de dano moral coletivo. 

Além disso, a penalização mais recente a Pedro Guimarães foi a censura por “constatada infração ética” e “denúncias de condutas ilícitas praticadas contra empregadas” aplicada pela Comissão de Ética Pública da Presidência no dia 22 de março de 2024. 

Em janeiro deste ano, o Ministério Público e a Caixa firmaram um termo de ajustamento de conduta (TAC) que deveria trazer vantagens às vítimas de Pedro Guimarães. De acordo com o documento, as vítimas do então presidente teriam o tempo de experiência em funções gratificadas aumentados para os processos seletivos internos. A medida visa beneficiar aquelas e aqueles que foram perseguidos durante a gestão de Guimarães. Contudo, há relatos de que tal medida acabou expondo ainda mais essas pessoas, tornando-as “marcadas” frente aos colegas. 

O que o futuro ainda reserva?

O fato é que, passados dois anos, Pedro Guimarães ainda não foi punido. A Fenae entregou à Caixa, uma carta-compromisso sugerindo diretrizes a serem adotadas daqui em diante.

Entre elas, está a realização de diagnósticos, avaliações e treinamentos constantes, o aprimoramento de canais de denúncias e ouvidoria, investigação e punição de atos de assédio e a promoção de ações de inclusão.

A distância entre o escândalo, as denúncias e a punição a Pedro Guimarães desanima as vítimas e gera uma sensação de impotência frente ao sofrimento passado. Essa demora causa um sentimento de impunidade tanto para as vítimas, quanto para a sociedade, além de encorajar agressores que ainda não tenham sido denunciados a continuar com suas práticas. 

Marcar esses dois anos das denúncias é uma forma ativa de dizer que não nos esqueceremos e que seguimos nos mobilizando por justiça. Com a palavra o Judiciário brasileiro.