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Balanço Caixa

Alerta amarelo: números mostram aumento da lucratividade, mas resultado pode ser ilusório

O balanço do primeiro trimestre de 2024 da Caixa trouxe um lucro líquido contábil de R$ 2,46 bilhões, resultando um incremento de 27,2% e um lucro líquido recorrente de R$ 2,88 bilhões. O que representa uma evolução de 49,1% sobre o primeiro trimestre de 2023. Números que mostram um forte aumento da lucratividade, porém, ilusórios, conforme demonstrado ao final, quando se analisa o Lucro Líquido Recorrente.

Análise de resultados

A formação deste resultado pode ser compreendida ao analisar uma série de parâmetros, começando pela Carteira de Crédito da Caixa. O Crédito alcançou o saldo de R$ 1.144,3 bilhões ao final do primeiro trimestre de 2024. Uma expansão de 10,4% em comparação com março de 2023, e de 2,2% se comparado a dezembro de 2023.

Deste total, a Carteira de Crédito Imobiliário representou 65.9%, com uma ampliação de 14,4% em doze meses, e de 3,6% desde 31 de dezembro de 2023.

O quadro a seguir demonstra sua Carteira de Crédito, sobretudo ao fomento dos setores Imobiliário, Infraestrutura e Agronegócio, que acumularam saldos de financiamento na ordem de R$ 912,4 bilhões e que representam 79,7% da sua carteira total:

Financiamentos para o Agronegócios ainda seguem em patamar mais alto do que o necessário

O aumento de 2,2% em 2024 sinaliza para um crescimento menor no ano de 2024. A Carteira Comercial ao final de março de 2024 apresenta um saldo menor que o de dezembro de 2023, queda de 2,4%.

O Crédito Imobiliário cresceu 3,6% nos 3 primeiros meses de 2024 o que sinaliza crescimento para o ano de 2024 na mesma proporção dos anos de 2022 e 2023, em torno de 14%. Os financiamentos ao Agronegócio, que tiveram seu ápice em 2022 quando cresceram 167,3%, atualmente estão estabilizados em torno de 20%. Porém, em patamar alto para os padrões da Caixa, o que ainda provoca dificuldade de liquidez para o crescimento da Carteira de Crédito de maneira geral.

Por outro lado, a reversão da perda de depósito à vista (recurso barato) de decréscimo de 8,1% para crescimento de 14,4%, promovida em 2023, voltou a registrar queda de 4,9% em 2024. O aumento do custo de captação é tratado no último bloco, juntamente com o Resultado Líquido Recorrente.

A Caixa paulatinamente vai retomando uma merecida maior participação no Mercado de Crédito Nacional. Embora os atuais 19,5% verificados em março de 2024 ainda não alcançaram o patamar de 22,1% deixado pelo Governo Dilma Rouseff em 2016, da mesma forma, a relação sobre o PIB. 

Por sua vez, a participação da Caixa no Crédito Imobiliário total ao final do Governo Bolsonaro em 2022, era de 66,0%, em comparação a uma participação de 67% no último ano do Governo Dilma. O balanço de março de 2024 demonstra firme recuperação, saltando para 67,7% do Mercado. Vale ressaltar que sob ótica do PIB, os governos Lula e Dilma fizeram saltar a participação da Caixa de 1% para 6,5% do PIB, o que impulsionou o Crédito Imobiliário do Mercado Nacional de 1,5% para 9,7% do PIB.

O Lucro Líquido Recorrente fixou-se em R$ 2,88 bilhões no primeiro trimestre de 2024, crescimento de 49,1% em relação ao mesmo período de 2023. Um crescimento até certo ponto ilusório, pois o ponto referencial, março de 2023, teve um crescimento pífio, em decorrência das desastrosas atuações da gestão anterior.

Outro aspecto preocupante a se considerar é que o crescimento da Margem Financeira de 2023 foi de 19,5%, agora, em março de 2024 foi de apenas 9,9%.  A instituição financeira ainda sente os efeitos do aumento do custo de captação de recursos para fazer frente ao volume especulativo de crédito concedido ao final de 2022, a título de exemplo vide quadro 5.

Em 2021 a Despesa de Intermediação Financeira representava 52,86% em relação à Receita de Intermediação Financeira, entretanto em 2022 subiu para 67,23% e agora, em março de 2024, está em 66,57%. Em síntese, a proporção entre Despesa e Receita de Intermediação Financeira subiu de 52,86% em 2021 para os atuais 66,57%.

Um ponto positivo é que a Provisão decresceu 0,9% quando comparada com o mesmo período de 2023.

Conforme visto, historicamente, a Gestão de Ativos e Passivos ao final de 2022 foi desastrada para os resultados da Caixa, naquela oportunidade a empresa teve queda de 26,2% no Lucro Líquido Recorrente. No entanto, ao longo de 2023, com as decisões que melhoraram a qualidade do funding, o Lucro Líquido Recorrente voltou a crescer, atingindo 15,5%.

Para se ter clareza de quão ilusório é esse crescimento, basta voltarmos atrás no tempo. Ao comparar o Lucro Líquido Recorrente do primeiro trimestre de 2024 (2,88 bilhões de reais) com o Lucro Líquido Recorrente do primeiro trimestre de 2021 (3,16 bilhões de reais) verifica-se um decréscimo de 8,9%, agravado com a inflação do período de 3 anos. Ou seja, em cima do resultado pífio de 2023, resultante da gestão Bolsonaro, qualquer crescimento pareceria grande.