Nos últimos meses, a CAIXA, uma das instituições financeiras mais importantes do país, passou por mudanças significativas em sua gestão. Sob a indicação do centrão, Carlos Vieira assumiu o comando, marcando uma transição que acabou com a tentativa de implementar a equidade de gênero na gestão do banco. A troca da presidenta Rita Serrano por um homem, e as subsequentes demissões de vice-presidentes mulheres por homens, levantam preocupações sobre o compromisso da nova gestão com a diversidade na diretoria.
Na contramão das práticas de gestão das melhores empresas, os espaços estão sendo restritivos e reduzidos, bloqueando a participação feminina nas esferas de poder. Uma questão que não pode ser tratada como uma questão menor. Não, ela é essencial e reflete uma nova gestão que, em menos de 3 meses, desmantela uma proposta que se revelou correta pelos resultados da empresa de privilegiar as mulheres.
A presença das mulheres na gestão da Caixa entra na categoria de ocupação de espaços que são cerceados para minorias. Por isso, não devemos naturalizar esses procedimentos, acreditando que são meras decisões “técnicas”. Colocar as mulheres à margem na gestão é uma decisão política, que reafirma conceitos históricos de exclusão, como o faz com negros, indígenas e pessoas LGBT.
Rita Serrano foi pioneira na busca pela equidade de gênero em altos cargos
Durante a gestão de Rita Serrano na CAIXA pela primeira vez as mulheres constituíram a maioria na gestão. Uma seleção baseada na capacidade das profissionais, que foram admitidas por meio de um processo seletivo público e aprovadas pelo Conselho de Administração (CA) da instituição. O cenário atual, alguns meses depois, já é outro: a presença feminina na alta administração do banco está sendo rapidamente reduzida, como confirmou o Comunicado ao Mercado emitido pela Caixa em 24/01.
Desde a chegada de Carlos Antônio Vieira Fernandes, observamos uma série de demissões, especialmente de mulheres que ocupavam cargos de destaque, como as vice-presidentes Maria Cristina Farah, Luciola Aor, Monica Monteiro e Adriana Salgueiro.
A CAIXA possui 86.664 empregados, sendo 55,11% homens e 44,89% mulheres, porém, dessas, somente 28,38% ocupam cargos de chefes de unidade.