Foto: Ricardo Stuckert
O terceiro governo Lula completou 100 dias na última segunda-feira, dia 10, e trouxe como principal marca a retomada de um futuro para o Brasil.
Os primeiros 100 dias de um governo costumam ser avaliados como uma demonstração dos rumos que o presidente pretende dar à sua gestão. Porém, Lula teve desafios adicionais: recuperar um país desmontado, com um genocídio em curso e à beira de um golpe de estado.
O primeiro marco das ações do governo ocorreu em 8 de janeiro. Com uma ação enérgica, rápida e tranquila, o presidente e sua equipe ministerial conseguiram assegurar que o Brasil seguiria como um país democático após a tentativa de golpe perpetrada por bolsonaristas fanáticos, tramada nos gabinetes ministeriais do ex-presidente, como mostram as investigações sobre o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e com a complacência do exército.
Ainda no primeiro mês do ano, o governo teve que refrear o genocídio contra indígenas da etnia Yanomami. Subnutridos, ameaçados, mortos e violentados de todas as formas por garimpeiros, a etnia vinha sendo massacrada por garimpeiros e pelo crime organizado em meio a uma cortina de silêncio na região.
Em meio aos incêndios, o governo ainda teve que lidar com outra questão fundamental: resgatar o Estado, suas políticas públicas e seu papel, das mãos de usurpadores. Em outras palavras, Lula e sua equipe tiveram que retomar instituições do povo brasileiro que vinham sendo utilizadas para fins nada republicanos. Nesse contexto se inserem ministérios, fundações, autarquias, empresas públicas e a Caixa.
Nesse contexto, nada é tão emblemático como o fim do consignado sobre o Auxílio Brasil, uma medida eleitoreira criada por Bolsonaro para tentar se reeleger que condenava as pessoas mais pobres desse País à miséria absoluta. E o pior, foi concedido a milhares de pessoas que sequer tinham o direito de receber o Auxílio Brasil, e que hoje podem dar um prejuízo gigantesco à Caixa.
Ainda dentro da Caixa, o trabalho pelo fim da gestão do medo, o reforço às ações anti-assédio, a reorganização visando atender ao Brasil e aos brasileiros, e não ao mercado – ávido por áreas estratégicas do banco público – deram o tom. E mais, ainda que ainda não sejam perfeitas, vem puxando a fila de ações semelhantes em outras empresas públicas e ensejando a criação de mecanismos semelhantes em diferentes órgãos.
Listar a recriação de programas de estado fundamentais ao funcionamento mínimo do Brasil, como Bolsa Família, Minha casa Minha Vida, Mais Médicos, Programa Nacional de Aquisição de Alimentos, Programa Nacional de Alimentação Escolar, Programa Nacional de Segurança Pública, conselhos consultivos, políticas de combate à violência contra a mulher, aumento das bolsas de iniciação científica, dentre outras tantas medidas, seria pouco para descrever os 100 primeiros dias do terceiro governo Lula.
Em seu discurso, o próprio presidente definiu esses quase quatro meses: “Antes de tudo, o Brasil voltou a ter governo… Não se constrói um país verdadeiramente desenvolvido sobre as ruínas da fome, dos ataques à democracia, do desrespeito aos direitos humanos e das desigualdades de renda, raça e gênero”.