Mais quatro da atual gestão podem tornar inviável competição do lado comercial do banco
Da Redação
A pandemia trouxe como uma de suas consequências a aceleração do processo de Transformação Digital, com forte impacto no comportamento e nos costumes dos cidadãos em vários aspectos da vida cotidiana. Muito tem se discutido que algumas atitudes dos consumidores que seriam tomadas ainda nos próximos anos, foram aceleradas, em poucos meses, com a necessidade de interação mediada entre as pessoas, por dispositivos tecnológicos, para resolução dos problemas do seu dia a dia.
Por conta da pandemia a CAIXA foi forçada, em poucos meses, a colocar na rua o seu banco digital de baixa renda, o Caixa Tem. Mais uma prova inequívoca da grande capacidade do corpo técnico da instituição de responder aos desafios que envolvem o Brasil, uma verdadeira ilha de excelência do Estado Brasileiro. Mas nas mãos de liberais, tudo que é produzido para o povo, deve ser entregue para iniciativa privada.
Bem sabemos que o CAIXA Tem é alvo da sanha privatista do governo Bolsonaro, representando por Pedro Guimarães, e agora por sua versão maquiada, Daniella Marques. Caso a venda do CAIXA Tem tivesse sido consumada teria sido mais um duro golpe, capaz de causar outro dano irreparável à sustentabilidade da CAIXA. Mas engana-se quem acha que os entreguistas desistiram: trata-se apenas de recuo momentâneo, frente à resistência inicial enfrentada, bem como do esforço prioritário de tentar tampar as narinas dos empregados do mau cheiro da gestão Bolsonaro e Pedro Guimarães, às vésperas das eleições. Mas não podemos nos esquecer: estará na ordem do dia, num hoje improvável segundo mandato de Bolsonaro.
Bem antes da pandemia já se discutia qual o tamanho do impacto que as fintechs e bigtechs poderiam causar nas operações de varejo dos bancos tradicionais, principalmente como a CAIXA, é um banco público e que tem mais dificuldades ainda na tomada de decisões por conta das amarras da legislação. Com o novo cenário, o que se percebe é que houve uma aceleração de novas formas de atuação entre as instituições financeiras e entre o próprio mercado.
Presenciamos bancos com seus próprios shoppings virtuais e criando formas de rentabilizar suas operações com oferta de melhores experiências para os seus clientes, em poucos cliques. A maior parte dos bancos (tradicionais ou fintechs) abrem suas contas digitalmente, renunciam a cobrança de tarifas e ainda conseguem devolver dinheiro ao cliente das mais variadas formas.
O Pix, que foi gestado antes do governo Bolsonaro, mudou a forma como o brasileiro lida com dinheiro, já sendo utilizado por 71% da população do país, com aprovação de 99% entre os jovens. Tem tudo para minar o ganho fácil com tarifas de cartão de crédito, de DOC e TED. Some-se a isso a entrada em vigor do Sistema Financeiro Aberto, que está muito mais azeitado nas demais instituições.
Sabe qual é o risco, em poucos anos, se mantivermos uma gestão inoperante e pouco comprometida com o futuro do banco, como a atual? A CAIXA tornar-se apenas uma mera repassadora de dados para o mercado, com seus mais de 100 milhões de clientes. Assim, a concorrência conseguirá capturar os nossos clientes mais rentáveis, ofertar condições melhores, mais atraentes e levá-los embora. Será o fim do banco comercial e, na sequência, da própria CAIXA.
A previsão é bastante lógica. Já mostramos em outra publicação do Comitê como a gestão Bolsonaro na empresa tem ojeriza aos preceitos básicos de Inovação, ao processo de aprendizagem, inteligência de negócios e gestão do conhecimento. Falar em marketing 4.0, ou 5.0, metaverso e digitalização, por exemplo, soa como uma realidade para lá de inalcançável para eles. Afinal, faz parte da estratégia manter o banco no atraso, para não incomodar o mercado.
Em contrapartida, exige-se menos capacidade intelectual e de pensar a empresa por parte da alta gestão. Ela está envolta, na maioria das vezes, em influenciar e atrapalhar as atividades que deveriam ficar a cargo do corpo técnico do quarto, quinto escalão. E na realização de atividades eleitoreiras disfarçadas, para abafamento dos escândalos da gestão, bem como na vigilância e perseguição aos empregados que ousam questionar.
Um novo futuro é possível
Todo esse cenário pode ser evitado com a chegada do governo Lula. Uma nova gestão da CAIXA não deve pensar a Transformação Digital do banco como uma cópia dos bancos digitais, mas ajustar sua vocação pública. São iniciativas como essa, que exigem um planejamento de médio prazo, bem como autonomia e confiança no corpo técnico do banco, e investimento sério em pesquisa e desenvolvimento, que vão garantir à CAIXA papel de destaque no novo governo e garantir a relevância do banco no mercado.
A CAIXA ainda possui um valioso ativo nas mãos. Mas o tempo corre lá fora em velocidade escalar. Somente com uma nova gestão, aberta a recuperar o tempo perdido nos últimos anos, em parceria com a competência técnica e abnegação dos funcionários será capaz de forjar um novo futuro para o banco. E você empregado, vai querer pagar para ver o que vai sobrar do banco nos próximos anos se Lula não for eleito?