CAIXA, um bem público na vida das pessoas.

A Sustentabilidade como cortina de fumaça para uma administração nociva

Da Redação

 

Falar de Sustentabilidade, desde os anos 1990, é bonito e agradável e serviu para líderes de governos e empresas em todo o mundo, Brasil incluído, praticarem os mais diversos oportunismos. Tal fato levou diversos pesquisadores e movimentos da sociedade civil organizada a denunciarem essas práticas com os mais diversos nomes, tais como greenwashing (quando as empresas divulgam uma ação ambiental como se fosse um compromisso genuíno e na verdade não é), socialwashing (mesmo oportunismo de divulgar ações pontuais como sendo reflexo de uma cultura genuína de compromisso com pautas sociais), pink ou rainbowwashing (empresas que fingem ser amigáveis à causa LGBTQIA+), bluewashing (empresas que usam o fato de fazerem parte do Pacto Global da ONU como argumento para se dizerem sustentáveis), dentre outros.

Sim, precisamos falar de sustentabilidade. É algo muito sério e estratégico para nosso país e para o mundo. Esta agenda, na CAIXA, teve seu período áureo entre 2007 e 2014, desde então, o tema foi sendo paulatinamente pervertido para todo tipo de fim, culminando com a administração exposta por suas práticas de assédio e abuso e, há poucos meses, substituída.

Em 2007 foram criadas as gerências nacionais de Meio Ambiente (GEMEA) e de Responsabilidade Social Empresarial (GERSE), a primeira vinculada à então vice-presidência de desenvolvimento urbano e a segunda à recém-criada à época área de pessoas. Alinhada com as agendas daquele momento as lentes ambiental e social eram tratadas separadamente, ainda que em contato, e naquele período foram desenvolvidos modelos e soluções até hoje relevantes para a atuação da CAIXA na promoção da consciência socioambiental, como o Selo Casa Azul CAIXA, com um potencial transformador e promotor de sustentabilidade da magnitude da empresa no setor da construção civil e habitação.

Em 2010, a CAIXA cria o Fundo Socioambiental (FSA) com o compromisso de aportar anualmente 2% do lucro líquido obtido para que o fundo possa promover por diversos meios (de investimento a recursos a fundo perdido de fomento e capacitação) a sustentabilidade no Brasil. O fundo tem o conceito genial de servir como um grande laboratório de práticas e aprendizados para o desenvolvimento comunitário, a promoção da cidadania e a criação de soluções técnicas e financeiras inéditas, pioneiras e revolucionárias adequadas a cada região, cultura e desafio do nosso país.

Em 2013, GERSE e GEMEA são fundidas e originam a Gerência Nacional de Sustentabilidade e Responsabilidade Socioambiental (GERSA) com uma agenda mais contemporânea e integrada de olhar de Sustentabilidade e ativa propositora de práticas e guardiã dos princípios e intenções tanto do FSA quanto das agendas das duas gerências originárias e de parte dos trabalhos da GEIPO de inclusão produtiva incluídas nas práticas indutoras e demonstrativas do FSA. A partir de 2019, contudo, a área que passou quase 5 anos sendo vinculada em diferentes unidades da empresa com pouca motivação estratégica e mais movida e mantida pela coragem e compromisso de seus gestores imediatos é praticamente implodida com a quase totalidade dos empregados sendo descomissionados e afastados (para não dizer expulsos) da unidade.

Empregados que foram formados com investimento CAIXA e investimentos pessoais ao longo de anos, com cursos de excelência fruto de parcerias com organismos internacionais e universidades de ponta; profissionais profundos conhecedores de conceitos, técnicas e práticas (muitas autorais) de desenvolvimento territorial, avaliação e comunicação de impactos, desenvolvimento de negócios socioambientais/sustentáveis, acreditação e parcerias internacionais, reporte e avaliação integrada de sustentabilidade com padrões globais, entre outros.

Juntamente com o desmonte de competência da GERSA, o conceito de potencial inovador e revolucionário do FSA foi sendo, ano após ano, reduzido a financiar ações que substituam a intencional ausência do poder público no cumprimento de suas obrigações legais, culminando com o CAIXA Florestas.

De uma ferramenta importante de aprendizado, desenvolvimento de narrativas e práticas locais de sustentabilidade forte o FSA se tornou um tapa-buraco para um governo incompetente, negligente e opositor das causas da sustentabilidade. Senão vejamos: programas como CAIXA Florestas são divulgados como um enorme feito pela sustentabilidade disfarçando o desmantelamento da política pública e o esfacelamento da capacidade da CAIXA em testar, aprender, promover e disseminar práticas pioneiras pelo Brasil.

É sabido também que, desde 2019, a empresa vem sendo paulatinamente desmontada em sua capacidade de gerar valor perene, dando resultados recorde fruto de fatos extraordinários, majoritariamente ligados a venda de ativos estratégicos e fundamentais para a sobrevivência da CAIXA. Além do desmonte intencional das fontes de valor da CAIXA, o ambiente de trabalho se tornou tóxico e tem levado milhares de empregados a adoecerem e perderem totalmente a conexão com a empresa, seja por conta de assédio moral, sexual, ambos ou ainda a perseguição velada e as retaliações aplicadas por meio de diretrizes de pessoas.

Curiosamente, enquanto isso acontecia, uma onda de #CAIXAMAISSUSTENTÁVEL inundava páginas corporativas e pessoais de empregados e dirigentes. A este tipo de prática de disfarce chamamos de cortina de fumaça, e a agenda da sustentabilidade se tornou isso para esta administração que está, desde 2019, destruindo tudo que toca com um discurso mentiroso e perverso de meritocracia e racionalidade que sabemos hoje, pela coragem de colegas denunciantes, ser tudo mentira.

Não existe #CAIXAMAISSUSTENTÁVEL enquanto existir assédio e perseguição na empresa, que pode ter se tornado, momentaneamente, menos intensos, mas continuam aí. Enquanto a doença mental dos colegas fomentada por esta gestão desumana e inclusive por empregados CAIXA concursados, coniventes, não for reconhecida e tratada! Sustentabilidade é um valor holístico, de inteireza, não posso me autoproclamar sustentável porque financio energia fotovoltaica se os empregados são tratados como peças descartáveis: este tipo de incoerência e hipocrisia de gestão são inadmissíveis em um lugar que quer promover Sustentabilidade.

Sustentabilidade enquanto valor significa resgatar na cultura da nossa empresa a autoestima dos empregados, a visão crítica e clara de cada um como agente transformador da realidade – o que foi muito bem feito durante as gestões da Maria Fernanda e do Jorge Hereda –, não existe sustentabilidade enquanto não tivermos incorporado em nossos processos, modelos e práticas de gestão e de negócio os valores da cultura da sustentabilidade forte, hoje representada por 5 R: repensar, recusar, reduzir, reusar e reciclar.

Resgatar nossa cultura, incorporar com diligência a cultura da sustentabilidade e resguardar nossas pessoas da precarização e de ambientes tóxicos são passos fundamentais para expandir uma agenda genuína de sustentabilidade na CAIXA para o país.