CAIXA, um bem público na vida das pessoas.

Por uma nova imagem institucional

Comunicação da CAIXA se tornou anã com a meritocracia do compadrio e do conservadorismo

 

Da Redação

 

A expressão “sepulcro caiado”, muito utilizada no universo cristão, resume bem o que acontece na CAIXA como um todo e serve para descrever o que ocorreu na área de comunicação e marketing, desde 2019. Para esconder os podres acontecimentos patrocinados nos últimos anos, nada melhor do que uma boa pincelada de cal para deixar tudo branquinho e bonito aos olhos dos ingleses. Mas o fedor da tumba exala e indica que há muitos esqueletos que precisam sair do buraco.

O mais importante para o novo momento político é pensar o que uma administração democrática pode fazer de diferente. Além de aproveitar os técnicos qualificados e que sobrevivem em um ambiente pouco salubre, será necessário lidar com o entulho autoritário tocado por militares infiltrados na empresa e seus omissos ou complacentes apoiadores. Afinal, comunicação é lugar para publicitários, jornalistas, relações públicas, marqueteiros, técnicos das mídias sociais… e não para quepes e coturnos.

O primeiro público que merece especial atenção da comunicação empresarial deve ser o interno, incluindo prestadores de serviço, parceiros comerciais e fornecedores. Se o empregado não acredita na qualidade do produto que vende, como fazer o cliente comprar? O respeito oferecido no balcão reflete o que cada trabalhador recebe do seu patrão. O fim do assédio e o restabelecimento de uma comunicação franca, plural e construtiva deve estar no centro do debate para surgirem linhas de ação que não sejam propaganda enganosa.

Um banco público deve ter em sua comunicação um caráter educativo, que oriente o crédito consciente e tenha o respeito como valor universal. Seja pelo outro, pelos recursos naturais, pelo país ou pela diversidade. Isso acontece quando a atitude dos dirigentes se reflete não apenas nas comunicações oficiais e mediadas, mas também nas reuniões reservadas, em que um padrão se cria como uma matriz positiva de como devem ser pautadas todas as relações dentro da empresa.

A área de comunicação e marketing atua hoje como um balcão que “tira pedidos”. Que recebe e elabora conteúdos para serem disparados em mídias sociais, em veículos tradicionais ou nos setores definidos pelos secretos orçamentos dos aliados políticos. Até no Power Point oficial prevalece as cores do partido governamental, que se apropriou dos símbolos da Pátria. O verde e amarelo são cores belas, mas há dezenas de outras que foram banidas da comunicação oficial e que também refletem a pluralidade dos clientes e produtos da CAIXA.

A CAIXA Cultural merece recuperar o status, orçamento, liberdade e pluralidade que a tornou tão importante para o Brasil. Restabelecer processos de seleção pública para espetáculos, exposições, oficinas e todas as formas de expressão artística deve ser uma prioridade. Recuperar os públicos que amam a arte é importante para fortalecer a imagem da empresa das mídias sociais.

Um banco não pode pensar apenas em lucro econômico. A imagem institucional sempre se reflete em ganhos de longo prazo. Quem sabe se possa sonhar com uma Fundação, um centro cultural nos moldes do CCBB, com possibilidades muito mais ampliadas.

A comunicação precisa ser inclusiva, afinal a CAIXA é o banco mais plural do Brasil. Falar com ricos e pobres, com quem tem Iphone e com quem não usa qualquer dispositivo. Chegar ao lar de quem vive nos grandes centros urbanos ou daqueles que recebem o atendimento das agências barco. Ser compreendida por catedráticos e por quem sobrevive da reciclagem de materiais que são produzidos na casa de cada brasileiro.

Resgatar a função e o papel dos grandes eventos também é necessário. Quanto de mídia espontânea gera um Feirão Imobiliário? Quantos negócios realizados? Quantos sonhos da casa própria concretizados e eternizados na vida de milhões de brasileiros? A presença física da CAIXA sempre se reverteu em ótimos ganhos institucionais e econômicos.

O relacionamento com a imprensa também é muito importante. E isso significa estabelecer uma convivência respeitosa com os jornalistas dos veículos tradicionais e daqueles que atuam nas mídias sociais e não convencionais. Uma presença que pode ser feita não apenas pelos dirigentes, mas por técnicos e gestores de todas as partes do país, sempre com a orientação dos profissionais capacitados das assessorias de imprensa. Retomar Lives para prestação de serviços também pode gerar o engajamento de muitos profissionais das novas mídias. Sobretudo, é importante preservar a impessoalidade. Afinal, empresa pública não deve ser palanque para ninguém.

A revisão dos critérios publicitários e de patrocínio deve levar em conta os valores de um governo democrático e popular, fundamentado na transparência, participação, pluralidade, respeito e preservação do meio ambiente. É premente mapear onde os recursos são aportados, retirando o patrocínio de veículos e programas que promovam a mentira, a intolerância e ideias que atentem contra as liberdades individuais e a paz social.

Como um espelho capaz de refletir as nuances de uma fantasia de Carnaval, a comunicação da CAIXA pode recuperar o brilho e a alegria da maior festa popular do Brasil.  A comunicação de um banco público tem a obrigação de ser balizadora dos valores de tolerância, respeito e da diferença positiva.