Da Redação
O burburinho era sempre interessante. Semanalmente, aparecia gente de todo canto, nome, família, escola, cabelo, pele, crença, amores e vida. Tinha lugar para a criança, o jovem, o adulto e para os mais vividos. O espaço abarrotado, à espera do último sinal, era porta de entrada para mundos mágicos que acalentavam o coração de quem quisesse estar ali. A satisfação era palpável, seja pela emoção vivida, seja por cada pessoa se sentir representada naquele lugar.
Adentrar uma Caixa Cultural já foi sinônimo de pertencimento. Um ambiente que acolhia, democraticamente, as mais diversas formas de expressão cultural e, com isso, alcançava todos que tinham sede para se entenderem como parte desse nosso mundo. E o que é pertencimento ali, se não um reflexo do meu ser no que está sendo vivido no palco ou nos espaços adornados pela arte?
Porém, antes de se identificar no que se vê ou sente, é preciso conhecimento. A cultura precisa ser ensinada e vivenciada para se tornar parte do cotidiano. E nesse aspecto, a CAIXA tinha um papel fundamental.
Cada grupo de crianças e jovens que chegava em visita à Caixa Cultural, por meio do Programa Educativo CAIXA Gente Arteira, era uma oportunidade de a CAIXA promover a cultura brasileira e despertar o gosto pela arte. As escolas e instituições faziam fila de espera no intuito de conseguir um horário para proporcionar esse benefício gratuito de conhecimento e enriquecimento intelectual, emocional e social a seus alunos e colaboradores.
Infelizmente, a gestão que comandou a CAIXA até o mês passado nunca olhou para o potencial social e a importância que os espaços da Caixa Cultural têm e, quem sabe, essa falha permaneça na atual gestão. Palcos que já receberam grandes nomes da música, dança e teatro, além das belas galerias, ficaram temporadas inteiras vazios, mesmo antes da pandemia. Sem deixar de falar, também, dos diversos profissionais ligados ao meio cultural que não puderam nem ao menos concorrer a uma vaga na programação dos espaços, pois a CAIXA deixou de publicar seu importante Edital de Ocupação dos Espaços da Caixa Cultural.
Esses lugares, tão importantes para o cenário cultural brasileiro, hoje parecem adormecidos, com programação mínima e sobrevivem abertos, especialmente pela garra e amor dos poucos empregados remanescentes de outros governos, que trabalham para que algo seja apresentado ao público que costumava lotar cada Caixa Cultural.
Precisamos refletir sobre o que foi tirado da sociedade quando a CAIXA deixou de lado seu projeto de democratização da cultura a partir da chegada do atual presidente da república. Cada jovem que não teve acesso a um espetáculo gratuito, que não pôde frequentar as galerias por falta de programação, foi privado de conhecimento e desenvolvimento humano. A CAIXA tem o dever de proporcionar o fomento da cultura e garantir que cada pessoa seja acolhida com respeito em seus espaços.