Da Redação
No último domingo (10) o assassinato de Marcelo Arruda, um militante do PT, durante a sua festa de aniversário chamou a atenção do Brasil. A cena mostra um sujeito homicida que invade um momento de celebração da vida com objetivo de levar a morte justo ao homem que comemorava os seus 50 anos. O motivo da violência foi o tema da festa: Lula.
Embora seja mais impactante, a morte de Arruda não foi o primeiro caso de violência política nos últimos dias. Basta lembrar do drone que lançou dejetos em manifestantes em evento com o ex-presidente Lula em Uberlândia ou, mais recentemente, a bomba de fezes atirada contra o público que acompanhava o ato de Lula na Cinelândia, no Rio de Janeiro. Depois desses episódios, informações da Polícia Federal confirmam que no mínimo 27 policiais estarão fazendo a segurança do ex-presidente, que já participa de eventos trajado de colete a prova de balas.
A preocupação com a segurança de um candidato em uma eleição é sintoma de que o diálogo perdeu espaço para o discurso de ódio e que o Brasil segue troncho, num malabarismo para manter a democracia em pé. Os sinais de corrosão das bases democráticas estão todos aí, mas aqui se destaca principalmente o medo de se manifestar politicamente, colocando o bem-estar, as amizades, a carreira e, em última instância, a própria vida em risco caso o sujeito decida tomar uma posição. Ao que tudo indica, o jogo é esse: o medo como forma de repressão política e a violência como ferramenta de punição.
Vale lembrar que a estratégia da violência é um clássico do Estado Brasileiro, que teve no período da ditadura militar o seu episódio histórico mais recente. Embora tenha se passado algumas décadas, a prática de alguns “donos do poder” parecem permanecer intactas. É o caso do ex-presidente da CAIXA, Pedro Guimarães, que institucionalizou uma cultura de medo, assédio e perseguição sobre toda a empresa. A figura de Guimarães na CAIXA representa, num tubo de ensaio, a paranóia que solapou o país.
A violência, traduzida por meio do assédio moral e sexual, a que empregados foram submetidos encontra eco no sujeito que lança uma bomba em um comício, que atira dejetos em uma manifestação política e, no caso mais trágico, assassina um homem em sua própria festa de aniversário. Trata-se do mesmo alimento desonesto, golpista, machista e autoritário que tem fermentado no Brasil nos últimos anos.
Mesmo assim, nem tudo é tragédia. Assim como as mulheres na CAIXA expuseram a verdade imoral de uma gestão que se vangloriava de ser rigorosamente ética, é por meio da coragem de se expor e tomar partido que a luta ganha outros contornos. Reagir é se apresentar para luta, cada qual ao seu modo, mas sempre com a posição clara. Dessa forma, a receita é certa: enquanto houver pessoas dispostas a reagir, a liberdade há de prevalecer sobre a violência e a democracia insistirá em ficar em pé.