Da Reda\u00e7\u00e3o<\/p>\n
O Brasil \u00e9 um dos pa\u00edses mais desiguais do mundo quando o assunto \u00e9 concentra\u00e7\u00e3o de renda. De acordo com dados de 2021 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic\u00edlios Cont\u00ednua (PNAD), o 1% mais rico da popula\u00e7\u00e3o recebeu cerca de 34,9 vezes a renda da metade mais pobre da popula\u00e7\u00e3o. Como exemplo, a parcela mais rica ganhou cerca de R$ 15 mil por m\u00eas, enquanto os mais vulner\u00e1veis receberam R$ 453.<\/p>\n
A desigualdade d\u00e1 o tom de um pa\u00eds com passado recente escravocrata e cujo modelo de desenvolvimento se deu a partir de uma l\u00f3gica paternalista e patrimonialista. Para al\u00e9m da esfera econ\u00f4mica, o racismo e machismo tamb\u00e9m s\u00e3o conceitos formadores da identidade brasileira. Mudar isso requer trabalho duro, muita voca\u00e7\u00e3o pol\u00edtica para o di\u00e1logo, resili\u00eancia e empatia com a popula\u00e7\u00e3o que, devido \u00e0s propor\u00e7\u00f5es continentais do pa\u00eds, vivem diferentes realidades materiais e culturais.<\/p>\n
Mesmo diante de um desafio dessa propor\u00e7\u00e3o, o governo eleito em 2002, primeiro mandato do Presidente Lula, inaugurou um trabalho estruturante no objetivo de reduzir desigualdades e ampliar os campos de manifesta\u00e7\u00e3o pol\u00edtica de diferentes grupos, apoiando a diversidade de comportamentos e culturas na sociedade. Para ilustrar este argumento, a pol\u00edtica de cotas, o plano Brasil Sem Mis\u00e9ria, o Programa Minha Casa Minha Vida e o Estatuto da Igualdade Racial s\u00e3o exemplos de a\u00e7\u00f5es que ocorreram entre 2002 e 2016, durante os anos de gest\u00e3o petista.<\/p>\n
Ressalta-se que uma mudan\u00e7a de rota que aponta no caminho da justi\u00e7a social e da diversidade provoca arrepios em uma parcela da popula\u00e7\u00e3o conservadora. Arrisco dizer que o apetite por preservar costumes e privil\u00e9gios produziu parte de uma popula\u00e7\u00e3o agressiva, reacion\u00e1ria, violenta e, sobretudo, mentirosa. Nesse \u00faltimo quesito, n\u00e3o a toa vivemos o momento de maior profus\u00e3o das Fake News, colocando em xeque a legitimidade das elei\u00e7\u00f5es e alimentando manifesta\u00e7\u00f5es golpistas.<\/p>\n
Nesse cen\u00e1rio, atua\u00e7\u00e3o do Presidente Jair Bolsonaro em sua pol\u00edtica de \u00f3dio, desmonte do Estado, corrup\u00e7\u00e3o e golpismo lan\u00e7ou o Brasil em uma crise econ\u00f4mica e moral sem precedentes. Hoje, relativiza-se a viol\u00eancia, nega-se a ci\u00eancia e se pratica a discrimina\u00e7\u00e3o como forma de governar.<\/p>\n
No entanto, h\u00e1 sempre na pauta dois aspectos essenciais ao eleitorado de direita: a defesa dos costumes por meio do “cidad\u00e3o de bem e valores da fam\u00edlia tradicional” e o estado m\u00ednimo como modelo de gera\u00e7\u00e3o de riqueza. Essas duas l\u00f3gicas primordialmente preservam parte do eleitorado que \u00e9 mais cr\u00edtico ao PT, pois n\u00e3o buscam conforto na justi\u00e7a social, mas sim em seus respectivos privil\u00e9gios.<\/p>\n
A gest\u00e3o dos governos de esquerda, no Brasil representados pelos mandatos de Lula e Dilma, despertam amor e pavor em popula\u00e7\u00f5es distintas. Por um lado, amor em um Brasil carente de justi\u00e7a social, igualdade de oportunidades e direitos de manifesta\u00e7\u00f5es livres e democr\u00e1ticas. Do outro lado, uma parcela anacr\u00f4nica de pessoas que escondem seu ego\u00edsmo e rejeitam a partilha social por meio da propaga\u00e7\u00e3o de not\u00edcias falsas e discursos de \u00f3dio.<\/p>\n
\u00c9 caro ao Brasil a mudan\u00e7a. O progresso est\u00e1 na diversidade e, por mais que o vermelho desperte terror em alguns, \u00e9 de amor e acolhimento que \u00e9 feita a cor prim\u00e1ria da igualdade.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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